Agnès Varda é uma cineasta franco-belga, precursora da Nouvelle Vague, o movimento francês que surgiu no início dos anos 60 e tem Jean-Luc Goddard e François Truffaut como seus mais conhecidos representantes. Agnès Varda é reconhecida também pela maneira como ampliou as possibilidades do documentário, através da intimidade, subjetividade e sensibilidade que afloram em suas obras. Varda tem expandido as situações de projeção de seus filmes e tem realizado exposições em espaços alternativos às salas de cinema, como galerias de arte e museus. Nessa retrospectiva serão exibidos dois filmes de longa-metragem e cinco curtas.
08 de dezembro (quinta-feira)
20h | Auditório
A Ópera-Mouffe (L'Opéra- Mouffe, França, 1958, 17’)
A Ópera-Mouffe é o bloco de notas de uma mulher grávida, no contexto de um documentário sobre o bairro da rua Mouffetard, em Paris, apelidada “la Mouffe”. É um documentário subjetivo, com fotografia de Sacha Vierny e música de Georges Delerue.
Prêmio da Federação Internacional de Cineclubes na Exposição Universal de Bruxelas, 1958. Prêmio de curta-metragem de vanguarda de Paris, 1958. Prêmio da Semana internacional de curtas-metragens de Viena, 1962.
Os Panteras Negras (Black Panthers, França, 1968, 28’)
No verão de 68, os Panteras Negras, de Oakland (Califórnia), organizaram vários debates de conscientização em torno do processo de um de seus líderes, Huey Newton. Eles queriam – e conseguiram – chamar a atenção dos americanos e mobilizar as consciências negras, durante esse processo político. Neste sentido, deve-se realmente datar este documento: 1968.
Prêmio no Festival de Oberhausen, 1970.
Resposta de mulheres (Réponse de femmes, França, 1975, 8’)
“A pergunta ‘O que é ser uma mulher?’ foi proposta pelo segundo canal de televisão francês a várias mulheres cineastas. Este cine-panfleto é uma das respostas possíveis, no que diz respeito ao corpo das mulheres – nosso corpo –, do qual se fala tão pouco quando se fala da condição feminina. Nosso corpo-objeto, nosso corpo-tabu, nosso corpo com ou sem seus filhos, nosso sexo, etc. Como viver nosso corpo? Nosso sexo, como vivê-lo?” (Agnès Varda).
Saudações, Cubanos! (Salut les Cubains, França, 1963, 30’)
Agnès Varda traz de Cuba mil e oitocentas fotos em preto e branco, e faz com elas um documentário didático e divertido. Fidel e os músicos, socialismo e chá-chá-chá.
Pomba de Prata no Festival de Leipzig. Medalha de Bronze na 15ª Mostra Internacional do Filme Documentário de Veneza, 1964.
Ulisses (Ulysse, França, 1982, 22’)
De frente para o mar, uma cabra, uma criança e um homem. Trata-se de uma fotografia feita por Agnès Varda, em 1954: a cabra estava morta, a criança se chamava Ulisses e o homem estava nu. A partir desta imagem fixa, o filme explora o que poderia existir entre o imaginário e o real. Flertando com a memória, pode-se deparar com ossos.
Seleção oficial no Festival de Cannes, 1983, Mostra Un certain regard. César 1984 de Documentário em curta-metragem.
09 de dezembro (sexta-feira)
20h | Auditório
Daguerreótipos (Daguerréotypes, França, 1975, 80’)
“Daguerreótipos não é um filme sobre a rua Daguerre, pitoresca rua do 14° distrito de Paris, mas sobre um pedacinho desta rua, entre os números 70 e 90: um documento modesto e local sobre alguns pequenos comerciantes, um olhar atento sobre a maioria silenciosa, um álbum de bairro: são os retratos stéreo-daguerreotipados, arquivos para os arqueo-sociólogos do ano 2975. Enfim, é a minha Ópera-Daguerre.” (Agnès Varda)
Indicado ao Oscar 1975, na categoria Documentário de longa-metragem. Prêmio dos Cinemas de Arte e Ensaio, 1975.
10 de dezembro (sábado)
20h | Auditório
As praias de Agnès (Les Plages d'Agnès, França, 2008, 110’)
“Se você abrir uma pessoa, irá achar paisagens. Se me abrir, irá achar praias”. É assim que a cineasta Agnès Varda apresenta sua auto-biografia documental. Através das praias que tanto marcaram sua vida, ela revisita seu passado, da infância aos dias atuais, passando por seu período como fotógrafa, o casamento com Jacques Demy, o feminismo, as viagens, a família e os filmes. Com entrevistas, fotografias, reportagens e trechos de suas obras, Varda nos leva a um afetivo passeio pela história de uma cineasta que, aos oitenta anos, mantém sua curiosidade de jovem em relação ao mundo.