Finalizamos a oitava edição do CachoeiraDoc – Festival de Documentários de Cachoeira no dia 10 de setembro de 2017. Numa sinergia de corpos e ideias que trabalharam muito durante toda a produção do festival, só podemos agradecer ao público que prestigiou o fruto de nosso trabalho em conjunto: um festival que reuniu perspectivas de cineastas de vários cantos do Brasil e do mundo, abordou diferentes eras e nos possibilitou entender as lutas travadas hoje a partir dos enfrentamentos de grupos e pessoas que outrora saíram do seu estado de conforto.
A programação do último dia de festival começou numa tarde de domingo com a exibição de Índios Zoró: Antes hoje e depois?, de Luiz Paulino dos Santos, homenageado na sessão Clássico do Real. Um filme singelo, que trata da relação do índio com a natureza e com sua ritualidade e que homenageou o diretor, falecido este ano.
A Mostra Memórias de Lutas recebeu uma sessão de filmes feitos apenas por mulheres e marcada pela busca por liberdade e pelo encontro consigo mesmo. Talaatay Nder (Terça-feira de Nder), de Chantal Duroix, faz uma homenagem poética às Rainhas de Nder, da região de Walo, Saint-Louis, Senegal, que em 1820 preferiram o suicídio coletivo à escravidão anunciada. Em Busca de Lélia, a diretora Beatriz Vieirah segue os passos de Lélia Gonzales, professora e antropóloga protagonista no Movimento Negro de 70/80. Já Real Conquista, de Fabiana Assis, mostrou a luta de uma mulher marcada por um forte passado de violência, e que busca por melhores condições de vida no bairro de Real Conquista, em Goiânia.
Era o Hotel Cambridge, dirigido por Eliane Caffé, foi o filme exibido na Mostra Corpos em Luta, às 17h. Uma ficção onde o drama real das ocupações de prédios abandonados é retratado a partir das relações entre refugiados recém-chegados no Brasil e trabalhadores sem teto que ocupam o prédio abandonado do hotel Cambridge.
O último filme exibido no festival foi o longa-metragem Paris é uma festa: um filme em 18 ondas, do diretor Sylvain George, integrante da Mostra Corpos em Lutas. Em formato de filme poema, o longa traz em seu título uma referência ao livro Paris é uma Festa, do escritor Ernest Hemingway, trazendo uma releitura da cidade parisiense, conturbada pelos enfrentamentos de cidadãos e policiais a partir do olhar de um jovem menor estrangeiro isolado.
A plateia levanta aos poucos das cadeiras do Cine Theatro Cachoeirano e a produção finaliza o último dia de trabalhos. Agradecemos a todos que participaram dando força e forma a esta oitava edição do CachoeiraDoc. Ver o trabalho finalizado e saber que este contribuiu para a construção de novas perspectivas e para a aproximação de pessoas e ideias, é o maior prestígio que podemos receber. Que novas edições, vindouras, tragam de volta a energia renovada que empreendemos e recebemos em retorno, e que as lutas persistam sem trégua em busca de mudanças. Vamos em frente!