É antiga a ideia de que uma câmera na mão pode mudar o mundo. Mas o que o cinema pode fazer para alterar e contribuir com a contemporaneidade e suas antigas urgências? Como um meio para dar voz e reconstruir realidades, a imagem presente na tela é berço de lutas e veículo de percepção tanto de outras realidades quanto das suas próprias.
Talvez a maior mensagem que o terceiro dia (6/9) de atividades do CachoeiraDoc tenha deixado é não somente o que um filme pode trazer ao espectador, mas como o eu e o todo podem se tornar potentes quando ganham a possibilidade de expandir o seu olhar. Genito Gomes, cineasta co-realizador dos filmes Ava Marangatu e Ava Yvy Vera – A Terra do Povo Raio, dois filmes que integraram as mostras competitivas das 14h e 17h, respectivamente, diz que ele e seus companheiros ao filmar se sentem “melhor do que antes”. Estaria aí o poder do cinema, num processo de simbiose entre a visão do eu e o mostrar aos outros, integrar modos de vida, ideias e imagens distintas.
Integrar modos de ver também significa fragmentar antigas trajetórias de pensamento para dar espaço a novas perspectivas e ideais mais densos em relação ao outro. É a busca permanente encarnada na sessão As mulheres, as imagens e o pensamento decolonial, sexto e último colóquio do CachoeiraDoc, ocorrido na programação da manhã.
A noite deu lugar a realização de duas exibições simultâneas. No Cine Theatro Cachoeirano, a mostra competitiva exibiu a estreia mundial do longa-metragem Em Nome da América, contando com a presença do diretor Fernando Weller, enquanto na Praça da Aclamação, a sessão especial da Mostra Corpos em Luta exibia o filme Martírio, de Vincent Carelli, realizando após o mesmo um debate onde o diretor pode ser homenageado após ganhar o prêmio Prince Claus Awards, prêmio de importância mundial que destaca grandes ativistas em causas culturais e de desenvolvimento social.
No Baile Pelo Certo, a noite do terceiro dia de atividades do CachoeiraDoc finaliza ao som do Rap, Raga, Sound System e Raggae. O grupo, busca fortalecer o circuito underground da Bahia, além de arrecadar fundos para as atividades no cinema, cultura Hip Hop e formação política da comunidade periférica.
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