No marco histórico do dia 7 de Setembro, Independência do Brasil, a memória das lutas físicas e por ideais se faz presente no VIII CachoeiraDoc, em um convite para questionar nosso papel no mundo enquanto seres humanos e nosso papel de cidadãos enquanto brasileiros. Buscar a história no âmago bem como questionar o modo como somos governados pode ser o início de uma saída coletiva da apatia.
Manter firme uma postura diante do mau ensino a que o Brasil está exposto e a velocidade do mundo contemporâneo, produzindo um compromisso com nosso estar no mundo, foi uma busca defendida por Cristina Amaral, ministrante do minicurso “Montagem: Uma Forma que Pensa”. A atividade foi realizada durante as manhãs dos dias 06 e 07 de setembro no auditório do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL/UFRB), onde a experiência da cineasta pode ser compartilhada. Cristina Amaral é formada pela ECA/USP e tem como principal área de trabalho a montagem, já tendo desenvolvido trabalhos com importantes diretores como Carlos Reichenbach e Andrea Tonacci. Cristina também defendeu o dar-se tempo para a leitura, ver filmes e refletir, atividades formativas que ampliam o olhar do cidadão e do cineasta.
Em paralaxe, nas Mostras Cinemas de Lutas, 90 anos de filmagens representam um festival com filmes de todas as eras. Passamos por El bolillo Fatal, do diretor Luiz Castillo, realizado em 1927, e um dos filmes a integrar a Mostra Memórias de Lutas, compondo a curadoria de Victor Guimarães de filmes que contam outro lado da história, repassada por nossos irmãos sul-americanos. Seguimos até 2017, onde as mostras competitivas das 14h e 17h trouxeram filmes que tocaram o público pela seu modo de trazer para perto problemas dos outros ou tornar-se empático com nossas próprias realidades.
Na programação, filmes que vão do pessoal ao social na representação de outras individualidades. Dentre os filmes da primeira mostra competitiva do dia, A Gis, dirigido por Thiago Carvalhaes, narra o brutal assassinato de Gisberta Salse, transexual brasileira residente em Portugal que se tornou símbolo de luta pelo direito dos transexuais. Deus, filme do diretor Vinicius Silva, outro representante da competitiva, mostra uma semana da vida de Roseli, mulher negra da periferia de São Paulo que cria e sustenta sozinha o filho. Já segunda mostra competitiva contou com a felicidade de receber os adolescentes moradores de rua do estado de Minas Gerais representados em Filme de Rua, dirigido por Joanna Ladeira, Paula Kimo, Zi Reis, Ed Marte, Guilherme Fernandes e Daniel Carneiro.
Às 19h as mostras Competitiva e Corpos em Luta dividem espaço respectivamente entre o Cine Theatro Cachoeirano e a Praça da Aclamação, novamente essa expansão de mundos representada pela disseminação espacial que se ramifica na cidade de Cachoeira. Para revigorar o astral e ideias compartilhadas, os Djs Samir Suzart e Suzy tocam a noite com uma diversidade de estilos como Funk, House, Streetdance, Soul e Disco Music.
Continue acompanhando o festival de documentários CachoeiraDoc, que permanece em atividade até o dia 10/09.
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