Escolha entre quatro oficinas gratuitas

Oficinas práticas e reflexivas de produção de narrativas com Safira Moreira, Michelle Matiuzzi, Ingá, Stephanie Sobral e Otávio Conceição. Inscrições até 23 de novembro.

Crédito da foto: João Henrique Machado

Plano de Fuga como imaginação

Estudando o pensamento radical negro com a performer Musa Michelle Mattiuzzi

Crítica e crise

Os participantes exercitarão a escrita e outros experimentos críticos como um modo de acompanhar as sessões do CachoeiraDoc

Atravessado por reflexões provocadas pela pandemia da Covid-19, o IX CachoeiraDoc acontecerá de 4 a 20 de dezembro, com uma programação em formato online que inclui conferências, filmes, debates e show. As inscrições para as oficinas gratuitas e online pode ser feitas a partir de hoje, e seguem abertas até o dia 23 de novembro. Participantes que tiverem mais de 75% de participação, receberão certificado. 

São quatro possibilidades de investidas no contexto criativo de imagem, três delas abertas para o público geral: “Olhares negros”, com a diretora Safira Moreira; “Plano de fuga como imaginação – estudando o pensamento radical negro”, conduzida pela performer e artista visual Musa Michelle Matiuzzi; “Crítica e crise, Cachoeira à vista”, ministrada por Ingá, coeditora da revista Cinética; e “Zap Doc”, voltada para estudantes de ensino médio em escolas públicas de Cachoeira e São Félix, que será comandada dupla Stephanie Sobral e Otávio Conceição. 

A homenagem deste ano exalta a força de existência de Makota Valdina, pensadora, líder religiosa, educadora e ativista antirracista e contra a intolerância religiosa. Sob a perspectiva intelectual da baiana, o IX CachoeiraDoc dialoga com a memória dela em muitas frentes da programação. Como bem afirmou Makota: “A gente luta até hoje para que a nossa sociedade respeite nossas crenças, respeite a nossa humanidade, e muitas das imagens que foram veiculadas, inclusive, não fizeram bem, fizeram mal”. 

“Olhares Negros” 

A oficina “Olhares Negros” acontecerá de 16 a 19 de dezembro, das 15h às 17h, para 20 pessoas, sob a condução da diretora de fotografia, diretora e roteirista Safira Moreira. Os encontros vão desdobrar abordagens de um ponto central: “como narrar a partir de uma fotografia?”. Por isso, as aulas vão investigar as possibilidades do uso da imagem de arquivo no cinema, com foco nas fotografias de família. Quem participar do processo, receberá o convite para criar um curta-metragem tomando como base os próprios arquivos pessoais. 

Safira Moreira formou-se em cinema na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Roteirizou, dirigiu e montou seu primeiro curta “Travessia”, premiado em diversos festivais nacionais e internacionais; distribuído pela Vitrine Filmes, em 2018; e, em 2019, abriu o Festival Internacional de Rotterdam. Dirigiu a fotografia do curta “Eu, minha mãe e Wallace” (Irmãos Carvalho) premiado como Melhor Filme pelo júri popular do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e do longa “A Matéria Noturna” (Bernard Lessa), premiado como melhor filme na mostra Futuro Brasil no mesmo festival. Em 2019, roteirizou e dirigiu a série documental “Iyas Idanas – Mulheres da Cozinha”, em fase de montagem. Neste ano, lançou “Nascente”, no Programa Convida do Instituto Moreira Salles. 

“Plano de fuga como imaginação – estudando o pensamento radical negro”

Já “Plano de fuga como imaginação – estudando o pensamento radical negro”, com Musa Michelle Matiuzzi, será realizada de 11 a 13 de dezembro, das 16h às 19h (dias 11 e 12) e 16h às 18h (dia 13). Os encontros foram pensados para a participação de 45 pessoas. Nesta oficina, há conteúdo obrigatório de três textos, uma série e dois filmes. O intuito da artista é criar um diálogo com o conceito de “fugitividade”, proposto por Fred Moten, e pensar a radicalidade a partir das próprias experiências no processo do fazer artístico. Ela propõe o estudo de criações que produzem contra-narrativas pretas, que são planos para a descolonização da imagem preta dentro do regime de visibilidade e representatividade. Esse curso tem o intuito de exercitar a imaginação para entender como um plano de fuga pode emergir de uma negação histórica.

Musa Michelle Mattiuzzi é performer, artista visual, diretora de cinema, escritora e pesquisadora do pensamento radical negro. É graduada em Comunicação das Artes do Corpo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Seus trabalhos se apropriam do/e subvertem o lugar exótico atribuído ao corpo da mulher negra pelo imaginário cisnormativo branco, que o transforma numa espécie de aberração, entidade entre o maravilhoso e o abjeto. Apresentou a obra “Jardim da Abolição” para a Bienal do Mercosul, 2020. Participou da exposição coletiva “Hubert Fichte Love and Ethnology” na HKW, Berlin, 2019. Atualmente, dirige a plataforma “rethinking aesthetics of the colony”, com o Goethe-Institut São Paulo e Global Condition Working Group (GCWG).

“Crítica e crise, Cachoeira à vista”

Com aulas nos dias 04, 05, 06, 11 e 12 de dezembro, das 16h às 18h (com exceção do dia 05, que acontecerá das 14h às 16h), a oficina “Crítica e crise, Cachoeira à vista” será guiada por Ingá. Aqui, o intuito será associar a reflexão sobre a prática da escrita com a dinâmica de vivência comunitária própria do CachoeiraDoc, mas que, nesta edição, será vivida em ambiente virtual. Se a cidade de Cachoeira interpela a olhar para os filmes a partir dos matizes e paisagens sonoras, como a produção dessa presença em potência reposiciona o exercício crítico? De que maneira fazer um filme ressoar na escrita mobiliza uma energia de implicação na coletividade de um festival no qual não há presença física? Os textos feitos durante a oficina serão publicados no site do festival.

Ingá é coeditora e redatora da Revista Cinética, onde investiga outros formatos de crítica como a escrita coletiva e o vídeo ensaio. Cobriu os festivais Janela Internacional de Cinema do Recife, Fronteira Festival do Filme Experimental e Mostra de Cinema de Tiradentes. Atuou facilitando oficinas de vídeo nos projetos “Fazer o mundo, fazer o vídeo”, “Inventar com a diferença” e “Vídeo nas aldeias”. Programa sessões de cinema com o coletivo Catucá, a Aldeia Marakanã e integrou a comissão de seleção de curtas-metragens no XII Janela Internacional de cinema do Recife. Nasceu em Olinda (PE) e estuda licenciatura em cinema e vídeo na Universidade Federal Fluminense (UFF). 

“Zap Doc

A quarta oficina “Zap Doc” é direcionada para as pessoas que cursam ensino médio em escolas públicas de Cachoeira ou São Félix. As aulas serão conduzidas pela dupla Stephanie Sobral e Otávio Conceição, estudantes do curso de cinema e audiovisual da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Neste caso, os encontros online acontecerão de 21 de novembro a 5 de dezembro. Para participar, é preciso ter celular com whatsapp, aplicativo onde os encontros serão realizados. Nas aulas, estudantes vão aprender a melhorar suas filmagens, além de dicas básicas de edição. 

Stephanie trabalha com fotografia still desde 2013. Dirigiu dois curtas, atuou como assistente de fotografia em cinco filmes produzidos em Cachoeira (BA), trabalhou com registros fotográficos de peças teatrais, produzidas na Escola de Teatro Macunaíma (SP), e como oficineira de fotografia, pelo Movimento Cultural MOCUPIJA, em Pirituba (SP). Atualmente, participa dos grupos de pesquisa GEPDOC (Grupo de Estudos e Práticas em Documentário), VISU (Pesquisa e Extensão em Arte, Imagem e Visualidades da Cena), além de SONatório (Laboratório de Pesquisa, Prática e Experimentação Sonora).

Otávio Conceição trabalha como roteirista e captador de som em filmes. Participou do Cineclube Mário Gusmão ao longo de dois anos. Atuou na captação de sete curtas-metragens e roteirizou dois filmes autorais, “Black Friends Forever” e “Desamor”. Atualmente, é assistente de curadoria no Cachoeiradoc 2020 e Coordena e Viu&Review, blog de críticas. 

SOBRE O CACHOEIRADOC

O festival busca fomentar a difusão e a produção de documentários, assim como a discussão sobre o gênero, por meio de oficinas, debates, ciclo de conferências e exibição de filmes. O CachoeiraDoc já se consolidou como um dos principais festivais do gênero documentário no país. Nas oito edições anteriores, cerca de 17 mil pessoas assistiram a mais de 320 documentários, muitos deles inéditos na Bahia e Brasil. O CachoeiraDoc é uma realização da Cura e Cultura e do Grupo de Estudos e Práticas do Documentário, do Curso de Cinema e Audiovisual da UFRB, produção da Ritos Produções, e conta com o apoio financeiro do Fundo de Cultura da Secretaria de Cultura da Bahia através do Edital Setorial do Audiovisual 2019.