Encerramento do CachoeiraDoc

Tiganá Santana

Lande Onawale

Dia 20/12, às 16h30.
Transmissão online no YouTube do CachoeiraDoc.

Em sua tese de doutorado, Tiganá Santana afirma: “a posição fundamental ancestral, ampara a posição do porvir de uma sociedade. Sem a determinação de tal posição, o porvir social, econômico e político de seu povo é fadado à servidão e ao embrutecimento”[1].

Defendido no mesmo dia da passagem de Valdina Pinto (Makota Zimewanga ou Makota Valdina, como ficou conhecida), o estudo de Tiganá sobre a cosmologia bântu-kongo, a partir de Bunseki Fu-Kiau, faz ressoar as pesquisas da líder religiosa, e sua relação com este filósofo congolês. Como ela, Tiganá amalgama, de modo singular, filosofia, espiritualidade e educação.

Em diálogo com o poeta, contista e compositor Lande Onawale, que partilhou com Makota Valdina muita vivência religiosa e política, e com a participação especial de sua sobrinha Alice Pinto, o encerramento do CachoeiraDoc é um ato poético, filosófico e musical para afirmar a ancestralidade e o porvir, em reverência à memória e também àqueles que sustentam e cultivam, no presente e para o futuro, um legado.

Tiganá Santana é professor no Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC/UFBA). Suas pesquisas voltam-se, principalmente, para as línguas, linguagens e cosmologias africanas, com ênfase nas línguas-cultura bantu, estabelecendo-se os cruzamentos entre tais chaves de pensamento e aquelas provenientes de outras experiências culturais de existência não ocidentais e ocidentais. Ele foi o primeiro compositor da história fonográfica brasileira a apresentar, como compositor (e intérprete), um álbum musical com obras em línguas africanas.

Lande Onawale nasceu e mora em Salvador, Bahia. Militante do Movimento Negro Brasileiro, é poeta, contista, compositor. Tem publicado poemas e contos em antologias diversas. É autor dos livros de poemas O Vento (2003), Kalunga – poemas de um mar sem fim/poems of an infinite sea (2011), e Pretices & Milongas (2019). Lande é xicarangoma do Terreiro Nzo Onimboyá e, junto com a professora da UFBA América César, trabalharam na edição de texto, revisão e escrita da apresentação do livro Meu caminhar, meu viver, autobiografia de Valdina de Oliveira Pinto, a Makota Valdina, homenageada neste CachoeiraDoc/2020. Lande é um dos criadores e coordenadores do projeto Quartinhas de Aruá – encontros de literatura negra, atividade que objetiva valorizar o pensamento e a literatura feita por negros no Brasil, África ou Diáspora.

[1] SANTOS, Tiganá Santana. A cosmologia africana dos Bantu-Kongo por Bunseki Fu-Kiau: tradução negra, reflexões e diálogos a partir do Brasil. Tese de doutorado defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, São Paulo, 2019, pg. 216.