Mostra Cinema sem Fronteiras

A programação da Mostra Cinema sem Fronteiras reúne filmes de longa-metragem da cinematografia mundial contemporânea que provocaram grande impacto por suas abordagens formais e discursivas de uma das questões mais pungentes da atualidade, a saber os fluxos migratórios e diaspóricos globais e suas consequências nas redefinições das fronteiras entre países, nações, povos e grupos culturais. São filmes que desafiam não apenas a retórica política contemporânea sobre a relação entre povos e culturas, mas também os limites do gênero documental, forçando, além das fronteiras que separam as nações, aquelas que se colocam entre a ficção e o documentário, entre performance e documento, para construir obras únicas, híbridas e relacionais, como são as culturas e os povos que elas tornam visíveis. Durante cada dia da programação, uma sessão será dedicada aos filmes que compõem essa Mostra, que permitirá ao público entrar em contato com grandes nomes do cinema mundial contemporâneo, bem como, debater uma das questões mais caras do mundo atual.

06 de novembro (sábado)
20h | Auditório
No Quarto da Vanda (Pedro Costa, Portugal, 2000, 179’)
Segundo filme da trilogia do cineasta português sobre o bairro das Fontainhas, em Lisboa, onde moram imigrantes africanos e operários portugueses. O bairro sofre uma gradual destruição operada pela política de urbanismo perpetrada pelo Estado; realidade que traz inquietação a Vanda em relação a seu futuro. Dependente química e isolada do mundo exterior, ela vive e compartilha com amigos e familiares, com mágoa e desconforto, o seu desencanto diante da vida que leva.

07 de novembro (domingo)
20h | Auditório
Juventude em Marcha (Pedro Costa, Portugal/França/Suíça, 2006, 155’)
Filme que completa a trilogia sobre Fontainhas. O lugar onde Pedro Costa filmou “Ossos” e “O quarto da Vanda” foi demolido. Seus moradores foram removidos para Casal Boba, um bairro novo, de habitações populares construídas pelo governo, com cômodos pequenos e paredes brancas. Juventude em Marcha mostra essa “mudança” pelos olhos de Ventura, imigrante cabo-verdiano, antigo morador de Fontainhas que foi abandonado pela mulher, Clotilde. O filme foi um dos selecionados da Seleção Oficial do 59.º Festival de Cannes.

08 de novembro (segunda-feira)
20h | Auditório
Por um de meus dois olhos (Nekam Achat Mishtey Eynay, Avi Mograbi, França/Israel, 2005, 100’)
Durante a segunda Intifada, o cineasta Avi Mograbi percorre os territórios ocupados pelo exército israelense e captura um cotidiano recorrente: palestinos sitiados e o exército israelense onipresente. Ao mesmo tempo, ele mantém uma conversa telefônica cada vez mais veemente com um amigo palestino que literalmente não pode mais sair de sua própria casa, e também analisa os mitos de Sansão e Massada, que foram sucessivamente distorcidos pelos governantes israelenses.

10 de novembro (quarta-feira)
18h | Auditório
Amsterdã Aldeia Global (Amsterdam Global Village, Johan van der Keuken, Holanda, 1996, 245’)
Neste filme de quatro horas de duração, o cineasta holandês, narrando histórias pessoais dos seus personagens habitantes de Amsterdã, faz uma viagem aos seus países de origem. E por esse caminho vai encenando uma Europa plural, multiétnica e cheia de contrastes.

11 de novembro  (quinta-feira)
16h30 | Auditório
A Ferida (La Blessure, Nicolas Klotz, Bélgica/França, 2004, 162’)
Blandine (Noëlla Mobassa) é ferida pela polícia na pista do aeroporto de Roissy (Paris) quando um grupo de africanos resiste ao embarque forçado num avião que os devolverá a um país e a uma vida que não querem. Blandine está em solo francês, mas a sua ferida, a sua presença e a sua existência são negadas pela polícia. Trata-se não exatamente de uma ficção, fortemente marcada pela realidade social, mas de um filme de “escritura do real”, como classifica a roteirista Elisabeth Perceval.