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Entrevista com Leandro Rodrigues, diretor de “Eu, travesti?”

Entrevista com Leandro Rodrigues, diretor de “Eu, travesti?”

Com curta-metragem, diretor concorre na Mostra Competitiva do VI CachoeiraDoc

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Como foi a busca e o encontro desse relato e a criação da performance através dele?

 

O texto nasceu primeiro. Eu estava fazendo umas pesquisas em relação ao corpo, gênero, transexualidade, travestis, e chegou um momento em que eu precisava realizar o filme. Não consegui fazer o filme que tinha sido pensado, então o projeto foi mudando ao longo do tempo, e chegou o momento em que eu precisava produzir. Comecei a rememorar todos os textos que havia lido, coisas que tinha escrito durante o processo da pesquisa, vi alguns filmes, vídeos, revi e transcrevi as entrevistas já feitas, e achei que a voz era algo que amarrava todo o filme, que era fundamental. Depois do texto, comecei a pensar como seria essa performance. Era muito interessante ter uma ruína. Isso era muito importante para dentro do filme, para pensar a questão da construção e da desconstrução desses corpos que estão faltando algo. Então, minha performance lidava com esse processo, de colocar e de tirar, de ter e de não ter, dessa ambiguidade dos corpos. Eu estava ciente de que ia me relacionar com esse ambiente e levar para esse ambiente elementos que eram muito íntimos, elementos da minha família e que relembravam um pouco essa minha intimidade.

 

Como você vê a relação que faz no filme entre o corpo marginal e o espaço marginal, e esse olhar poético desse corpo que se adorna?

 

Era muito importante ter esses elementos que transitassem, que tivessem uma leveza, uma suavidade, algo que transparecesse isso. Eu fui buscar esses elementos em objetos como os tecidos, que reconstroem um pouco esse corpo: um corpo que foi pensado pra ser rígido, com uma masculinidade rígida, normativa, heterossexual, mas que transitava por outra questão. A sexualidade me colocava em um outro lugar e o meu corpo se colocava no mundo pensando esse lugar: um lugar de fluidez, de não rigidez. A performance era algo que, de alguma forma, eu ter esse corpo que entra, que se relaciona, que toca a ruína, era muito importante pra construir essa suavidade, pra revelar o poético. Tinha um contraste muito grande entre a ruína e o meu corpo e os outros elementos que eu colocava nesse lugar.

 

Texto e entrevista: Ulisses Arthur

Foto: Thamires Duarte

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